RESTAURANTE — White Castle

Enfim chegando ao local, Tereza ainda estava arrumando as coisas para abrir o bar e ao notar alguém chegando e já abrindo a porta já podia supor quem era e por isso sequer sacou de sua arma. Ao ver que estava certa, a loira sorria feliz em ver a dupla cruzando os braços e se apoiando no balcão de madeira tipico.


-Sejam bem vindos, vejo que ficaram bem amigos, como está a Naty? Kei. Tereza tinha certo deboche saudável em sua fala voltando seu olhar para as mãos de Tesa e Kei que ainda estavam unidas e percebendo enfim isso a dupla soltou e se afastou um do outro abruptamente.


-N-não é isso! Tesa se afastou cruzando os braços e ficando mais ao canto daquele comodo. Kei coçava atrás de sua cabeça estando um pouco sem jeito, mas logo suspirava buscando aquietar-se.


-Ela está bem, falei com ela ainda hoje mais cedo, bom, então, qual a emergência? Você queria falar comigo logo, certo? Tereza estava sinceramente se divertindo com aquele momento, parecia ter um gosto pessoal em constranger aqueles dois, porém, a pergunta a trouxe ar de seriedade então logo voltou seu olhar para a sacola de Kei ao sentir a presença profana proveniente dela.


-Sim, é muito importante, mas primeiro... Onde conseguiu isso? Posso dar uma olhada? Kei não entendia muito bem o que era aquilo, mas ficava apreensivo com a postura de Tereza, então apenas foi obediente e seguiu até ela abrindo a sacola e entregando o pequeno bau para ela para em seguida responde-la.


-Chris que me deu, disse que eu iria agradece-lo depois, voltar aos White Knights, até parece. Tereza pegou aquela caixa lacrada passando a mão devagar nela buscando avalia-la melhor e percebendo que ela não seria aberta facilmente voltou o olhar sério para Kei.

-Kei, isso parece ser uma relíquia, aquele homem é mais esperto e ligeiro do que imaginei... Sem entender, Kei encarava Tereza que respirava fundo buscando palavras para ser o mais objetiva possível para com aquele rapaz. 


-Acho que enfim é chegada a hora de você falar com a Mãe Corvo. Mesmo sem perguntar ou especificar mais, Kei sabia o que aquela frase queria dizer, o que havia escondido nela e por isso fechou seus olhos tomando seriedade tremenda que parecia não pertencer a seu jeito mais garoto de ser. 


-Entendo, falar com ela para saber se posso representa-las na luta pelo Cálice, certo? Ouvir aquilo pareceu doer em Tesa que olhava com incredulidade para sua Kei e sua irmã que apenas acenava positivamente com a cabeça e dava as costas para cobrir aquela pequena caixa com pano branco de forma delicada.


-Não pode ser... Já? Apesar da situação tensa, Kei sorria tentando aliviar a tensão no momento voltando seu olhar para Tesa oferecendo para ela também um joinha.


-Se eu vencer, vocês duas vem comigo! Tereza e Tesa ficaram confusas com a fala de Kei e percebendo isso ele ria meio sem graça levando a mão para a nuca e desviando o olhar. 


-É que eu estou construindo uma moto, eu gostaria de levar Natália para viajar o mundo, sabe? Mas conforme eu fui pensando, acho melhor um carro, eu... Eu ficaria feliz se todos nós pudêssemos fazer isso juntos. As irmas se entreolharam e simplesmente sem que Kei pudesse entender Tesa saia dali em passos apressados. Preocupado, o rapaz apertou o passo para seguir a loira, porém, a outra assobiou para chamar a atenção. 


-Deixe-a! Vai ficar tudo bem, ela só precisa de um tempo para digerir tudo isso, bom, se a Mãe Corvo aceita-lo você será parte da nossa família, espero que esteja pronto, e bom, sobre sua moto, carro... O que está trabalhando, já escolheu um nome? Costumam dar nome de mulher. Tereza terminou de "enfaixar" a caixa e a deixou debaixo do braço caminhando até próximo de Kei que mantinha-se olhando para onde Tesa havia ido, todavia, acabou deixando para lá no final das contas.

-Sim, eu sei e... Não, não pensei em um nome. Kei lembrou-se do nome "Aelois", o suposto nome de sua mãe, chegou a cogitar deixar apenas "Louis", uma adaptação, mas também deixou isso para lá, ao menos por enquanto. 

-Entendo, bom, vai lá tomar um banho, precisa estar apresentável para Mãe Corvo, espero que ela o aceite, você é um dos poucos homens descentes nesse mundo e eu ficaria orgulhosa de ver alguém que treinei lutando por nós, se prepare. Tereza caminhava para ir ao encontro de Tesa conversar com ela em particular enquanto Kei seguia para tomar seu banho e enfim trocar suas roupas vestindo sua clássica que ironicamente havia a enorme cruz no peito, um dos símbolos entregues a ele por Christopher, seu primeiro mentor. Após o banho do garoto, o trio seguiria juntos até a líder mantendo clima silencioso e de foco, ele estava nervoso, bastante, mas tentava disfarçar e relaxar um pouco dividindo alguns cigarros com as irmãs. 

MDT - Indo até a Boss.  

Finalmente depois de uma longa e excruciante jornada o policial capelão chegava ao local em que desejava estar. Por que não desceu logo na cidade I? O medo de estar sendo seguido pelo corvo o fazia ficar com um pé atrás, não porque ele não achasse que poderia exterminar-lo quando quisesse. Mas sim porque não conseguia a sua face. 

Finalmente... que informação será essa? - Falou consigo mesmo, puxando um assento enquanto esperava o seu confidente chegar para lhe arrancar o máximo de informações possíveis.

Sua amiga sabia que a presença da outra deveria ser quase que ignorada já que ela nunca pedia nada quando frequentava. Usava mais o restaurante como ponto de encontro para conversar sem levantar muitas suspeitas, referente aos negócios que tratavam com algumas pessoas daquela cidade. Correto que ali não era o único ponto para si, seria burrice.
A albina nunca sabia quem viria — homens, mulheres, jovens, idosos... E não se importava. Só precisava ser paga e às vezes fazer novas conexões. Todos precisam se sustentar de alguma forma, não é mesmo?

Fora ela, outra pessoa jazia no estabelecimento. Um padre? Analisou suas vestimentas com cautela ao que ele era atendido pelo garçom, e já que não queria ser pega o encarando, desviava o olhar para o balcão ou janelas — até que ao retornar a fitá-lo um tempo depois, por puro tédio, seu olhar encontrou-se com o dele.
Franziu o cenho, ajeitando os cabelos para disfarçar, demorando alguns segundos naquele ato — talvez ele não a olhasse mais depois do momento constrangedor. Então checou. O observou pela segunda vez e quase engasgou com a própria respiração. Padre, pare de me encarar. Pensou, sustentando o olhar como ele aparentemente fazia.
Por que estava dando importância para um desconhecido? Oh... Talvez fosse quem estava esperando? Logo um padre? Não haveria como saber se ficassem apenas se fitando, então a mulher abriu a palma da mão direita e esboçou um sorriso, movimentando-a de um lado para o outro calmamente em um cumprimento. — O-lá. — Movimentou os lábios em um sussurro, sabendo que pela distância não seria ouvida nem mesmo se falasse um pouco mais alto. Além de que seria estranho...

Não conseguia ler os lábios dele, mesmo apertando os olhos. Talvez tivera acontecido o mesmo com ele... Era de se esperar. O gesto para que ela esperasse a fez não se movimentar mais e pacientemente o esperou ajeitando-se sobre a cadeira acolchoada; quando o mesmo já se encontrava perto, a albina se levantou demonstrando respeito ao homem de Deus e abriu um sorriso permitindo sua companhia.

Após se sentarem o silêncio pairou entre os dois de forma constrangedora, era a primeira vez que isso acontecia. A pessoa mandada sempre iniciava a conversa com um código conhecido, mas dessa vez nem ao menos aquilo saía da boca alheia.
Estava tomando coragem para iniciar o diálogo quando foi surpreendida pela voz baixa e grossa, relaxando um pouco. — Oh, bem... Eu havia dito "Olá", também. — Levava a destra até a boca, um pouco abaixo do nariz para rir em tom baixo. Fingida. Ainda que não precisassem de toda aquela cena, as paredes também tinham ouvidos, e olhos. Claro, não poderia baixar a guarda de qualquer forma, não sabia se aquele homem era mesmo quem estava esperando. — Você... Me conhece? Percebi que me olhava, então fiquei na dúvida de que poderíamos ter nos esbarrado por aí. Não me lembro do seu rosto... Padre? — Indagou. Jogando verde. Dependendo de como a conversa seguiria depois de suas palavras, saberia discernir se a situação era favorável ou não para si.

Talvez Magnólia se sentisse honrada se não estivesse decepcionada demais por ter se enganado, será que ela conseguiria lidar com isso? Se sentia cansada demais para levar aquela conversa adiante por muito tempo. E se caso a pessoa que esperasse viesse de fato e ela se encontrasse ocupada com aquele homem desconhecido? Apesar de gentil, bonito e felizmente não ser um padre, precisava pensar em algo para se livrar dele e adiantar seu lado.

Sorriu timidamente pigarreando no processo, avistando o garçom trazer o pedido de seu companheiro de mesa. Passou os olhos sobre o prato e o cheiro que a torrada exalava fez sua barriga roncar — ainda não tinha comido nada desde o café da manhã; a boca salivou e ela cedeu às palavras do ruivo. — Se insiste... Apesar de que não há do que se desculpar. — Repousou os olhos no garçom pedindo o mesmo que ele havia trago, mudando apenas o chá para um suco de frutas cítricas. Sorriu-lhe ao receber um "é pra já" e tornou a fitar o maior. Tão culto, nobre. Magnólia entortou os lábios brevemente para não ser vista; não era polida. Nenhum pouco. Mas algo tomou sua atenção enquanto se remoía ao analisar a cena — de repente sentiu os olhos marejarem. Era coincidência, certo? Uma puta de uma coincidência. A imagem de sua mãe tomando conta de toda a sua mente, ela servindo o café toda manhã para si era uma memória viva naquele momento; mesmo que mal se vissem pelo dia, mesmo sabendo que sua mãe sempre fizera o bem para os outros e a deixasse em segundo plano, não conseguia sentir raiva. Era apenas saudade. A canhota que estava sobre a mesa tremelicou e com sutileza a colou em seu colo — era seu ponto fraco. Sua mãe.
Por isso pensou em Rae, precisava deixar a raiva costumeira lhe preencher de novo para só assim conseguir se concentrar. Ainda não podia sair dali. — É um jeito peculiar de comer... — Comentou com um sorriso gentil, apoiando o queixo na destra ao continuar vendo-o comer.[/color] — Mora por estas bandas ou está de passagem, Sr...? — Esperou que ele completasse a frase e a respondesse. Até que chegasse alguém, se decidiu passar o tempo com ele.

O reclamar do estômago não tinha passado despercebido, infelizmente. Seu rosto enrubescido indicava que havia sido afetada por isso, cedendo, mal conseguia olhar o homem nos olhos à medida que abocanhava um pequeno pedaço do pão oferecido. Ele parecia ser de fato um bom homem, boas pessoas não mereciam estar na presença de pessoas ruins.
A boca movimenta-se em um mastigar calmo, retomando a compostura anterior, mas nada parecia ocorrer conforme calculado. O que era aquele abraço repentino? Seu afastar foi natural, assustando-se com a aproximação. E mesmo assim, as mãos dele continuavam ao redor de sua cabeça. Magnólia sentiu-se como uma criança sendo acolhida daquela forma, isso não era bom, muito contato. A voz masculina seguia como melodia em um cenário florido e cheio de esperança, tal como imaginava quando via os folhetos sobre paraíso das igrejas. Quase riu.

Em agradecimentos mentais a albina assentiu, querendo dizer que estava tudo bem. Ele também acabou por notar seus olhos marejados e isso era terrível. Alguém tão observador assim perto de alguém como ela era muito perigoso... Porra. Se controla. Se reforçou mais uma vez.
Aquele momento oportuno foi perfeito para o nome do misterioso homem surgir; pareceu empolgada ao saber, e realmente estava. Ponderou se perguntava ou não sobre a mulher citada, mas provavelmente seria muito invasiva visto a mudança de assunto. Para melhor da situação, um rosto com nome era possível se descobrir muitas coisas... — Um nome bonito! Combina com o seu rosto, Bradley. — Brad. Um pãozinho mesmo... Brincou com as palavras mentalmente. — Pode me chamar de... Tulipa. Tulipa Elliot. — Foi o primeiro nome que lhe veio; Eu realmente amo muito as flores... De todo caso, não daria seu nome para um estranho. Confiança era uma coisa muito importante para Magnólia e ela não gastaria com qualquer um; nem sempre as aparências são o que mostram ser, e ela sabia bem disso.

Com a chegada do garçom se mostrou ainda mais empolgada, cravando seu olhar no pedido. Trouxe o prato e o copo para mais próximo de si e se alarmou por ele ter se prendido á sua frase anterior. Deveria falar a respeito mesmo por alto? Gentilmente recusou o pedido do ruivo, movendo ambas as mãos em negação. — Por favor, é o suficiente! Não preciso de mais do que isso, é sério. Obrigada pela gentileza, Bradley. E... Sim, peculiar. Eu conheci alguém que comia do mesmo jeito. Muito especial, por sinal. — Bebericou o suco para sanar o salgado de sua boca.

— Ainda tenho a fome intacta, isto não é nada, meu bem. — Pôs o copo sobre a mesa novamente, antes de continuar. — Respondendo a sua pergunta... — Acabou por rir ao se lembrar da comparação que havia feito. Era boba, mas se encaixava perfeitamente naquela situação que surgiu. Pigarreou, usando o indicador da destra para mostrar-lhe pequenas queimaduras sobre o pão. — Vê? Ainda que um pouco queimado, com rachaduras e desnivelado, é um bom pão. Desculpe utilizar isso como exemplo, mas não pude me conter em brincar com "Brad". — Riu mais um pouco. — Se eu, decidisse não o comer ou pedir por ele, por conta disto, seria um desperdício! Está muito apetitoso. — Pausou, tentando explicar rapidamente o que acabara por falar de forma despretensiosa. — Digo, não que mereça ser levado em consideração as palavras "comer" e "apetitoso", não é exatamente isso... Enfim... Um livro não deve ser julgado pela capa. Bem melhor, não? — Permitiu-se gargalhar, levando a mão á boca. Podia contar nos dedos as vezes que rira daquela forma despreocupada e boba na frente de um homem.

— Também ama flores? Oh, são lindas, não é? Eu tenho um jard-- certo apreço por elas... — A língua estava solta até demais. Mordeu seu pão com vontade e bebeu um pouco do suco em seguida como uma forma de punir a si mesma. Retomando a fala logo depois para que o silêncio não fosse tão estranho. — Seus trejeitos com a comida? Sim. E quem eu te lembro? Desculpe, mas percebi que dissera "ela" anteriormente... Seria invasivo perguntar de quem se referia?